Peguei na maçã, e passei a minha mão por ela como acariciando uma maçã pela primeira vez, um pouco mais fresca do que a temperatura da minha mão, tinha uma cor vermelho dominante riscada de manchas compridas amarelas que lhe dava um tom alaranjado em alguns lugares da sua casca fina, lisa, mesmo até macia e atraente, então decidi, que tal obra da natureza durante algum tempo iria fazer parte do meu corpo, por isso, levei-a até à minha boca, que abri por um instante e logo a fechei devagar com tal peça de fruta por entre os meus dentes, sonorizava uns tons agradáveis, enquanto se ia abrindo fracções de segundos antes dos meus dentes por lá passarem obrigando-a a separar parte dela e libertando uns salpicos doces, ácidos, refrescantes, que transportavam um cheiro único, que as minhas narinas detectavam ao mesmo tempo que outros se alojavam na língua e no céu da minha boca, alguns mais atrevidos refrescavam a minha face a qual ficava húmida por uns instantes e logo secavam, deixando os seus vestígios colados no meu rosto.
E dentada a dentada, fui caminhando por tão vasto e relaxantes momentos de prazer, num momento certo de um estado de espirito aberto ás coisas mais simples que encontramos no dia a dia de uma vida normal, que como uma simples dentada numa maçã, pode nos dar momentos reconfortantes de sensações únicas, quase já conhecidas mas incrivelmente diferentes, mostrando-me que os grandes momentos da nossa passagem pela vida quase sempre vem das coisas que nós achamos mais pequenas e insignificantes, como por exemplo, uma dentada numa maçã!
Manuel Velez
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